quinta-feira, 12 de abril de 2012

A primeira balada com ela...

Há exatamente quatro anos "saí" pela primeira vez com a Rose. Bom, não foi bem isso... A história MEIO completa está abaixo. Ignorem meu jeito de escrever... eu era meio idiota. Ah, notem que eu não falo praticamente nada sobre nosso "encontro".

"É, faz um bom tempo que não escrevo algo. Como vocês sabem, apenas coisas muito especiais me dão alguma inspiração. Nem o show o Bruno & Marrone me deu suficiente... Mas acho que hoje tenho bons motivos para escrever. Pois o sábado foi, digamos, bem legal. Ontem [ainda era domingo] eu estava com as memórias mais frescas, mas a cabeça estava muito cansada para colocá-las no papel. Estou escrevendo apenas por que algumas pessoas estão me obrigando incentivando a fazer isso. Elas dizem gostar do que escrevo... Vou fazer um esforço, se bem que não será tão difícil assim, pois uma noite como essa não é para se esquecer tão facilmente. Com certeza não.

Ainda é tarde de sábado. Estou no computador fazendo um trabalho da faculdade. Meus pais foram à praia e meu irmão está assistindo TV. Faz algumas semanas que as minhas duas amigas de Rodeio, a Roseli e a A-pa-re-ci-da, estão completamente loucas um pouco ansiosas aguardando a reabertura da Harpyia, em Indaial. Elas me convidam para ir lá também. Pois é, sem carona fica difícil fazer isso. Claro que vontade de ir eu tinha sim. Mais por causa delas mesmo. É, iria ser legal. E também diferente, por encontrá-las num lugar que não fosse a Vila Germânica num show sertanejo [também]. OK, irei. Mas digo a elas que não. Não, na verdade eu não falei isso para elas. Simplesmente disse que a noite seria longa como uma maratona (realmente seria) e que aqui em Blumenau teria um Flashback para ir (sim, teria, mas eu não disse que iria nele...). Ou seja, eu não disse a elas que não iria à Harpyia. Mas realmente dei a entender isso. Bom, vou pregar uma peça nelas. Ha...hahahahaha. Apenas não lembrei de dar uma dessas risadas macabras quando pensei nisso.

Mas, eu ainda tinha um problema para resolver: Como eu iria para Indaial?
Primeira alternativa: Ir com meu amigo Roger. Ele gosta de uma balada e pode pegar o carro do pai emprestado. Então, ainda no sábado, comentei com ele que a Harpyia iria reabrir e tal... Digamos que joguei verde para tentar colher o maduro. Não deu certo. Hehehe... Ele precisava economizar uma grana para o Bali Hai da semana que vem. Então não poderia sair nesse final de semana. Está completamente certo.

Segunda alternativa: Ir de bicicleta. Sim, algo meio “suicida”. Nem foram a distância (uns 22 km) e a rodovia que me deixaram com medo. Como os pneus da minha bicicleta não são lá uma Brastemp, o meu maior receio era que um deles furasse. Aí a distância seria um baita problema sim.

Terceira alternativa: Ir de ônibus. É, vários deles passam por Indaial todo dia. Beleza. Entro no site da Catarinense para verificar os horários. Encontro um que sai de Blumenau às 19 e 25 e chega em Indaial por volta das 19 e 50. OK. É esse. Agora tenho que ver como chegar à Rodoviária. No site do SETERB vejo os horários dos ônibus aqui de Blumenau. Lembrando: tenho que estar na rodoviária pelas 19 e 15 para dar tempo de comprar a passagem. Mas exatamente às 19 e 15 sai um ônibus do Terminal da Fortaleza para a Rodoviária. Então não dá para pegar ele. Óbvio. Antes, apenas às 18 e 15. Isso que ele leva 5 minutos até a Rodoviária. Ou seja, terei que ficar uns 55 minutos lá esperando. Tudo bem. Mas ainda tenho que ver o horário que o ônibus aqui de casa sai para ir ao Terminal (eita nós, ah um carro na minha mão). OK, 18 e 10 sai um daqui. Mas, sem chances. Ele leva uns 10 minutos, no mínimo, até o Terminal. Então tenho que pegar o das 17 e 40. É, ainda terei que esperar um tempinho no Terminal também. Sem problemas.

São 15 e 30, vou tirar uma soneca no sofá. Faz bem né. Agüentar a noite toda acordado não será tão fácil. Meu amigo Roger sempre tira um bom cochilo nas tardes de sábado. Isso deve ajudar ele a pegar todas as garotas bombar nas festas... OK. Coloco o celular para despertar às 17 horas e deito no sofá. Consigo dormir mais ou menos uma hora. E como essa horinha me fez bem. Tomo um bom banho e deixo esquentando um cachorro-quente que minha mãe havia deixado pronto. Meu estômago parece ter encolhido, de tanta ansiedade. “Acho que não vai ser bom...” “Ainda dá para desistir...” “Sair dessa quenturinha aqui de casa?” “Isso é um pouco de loucura...”. Ah, dane-se. É como sempre penso, agora está ruim, mas compensa, pois depois vai ficar bom. Beleza. Termino de comer, escovo os dentes, troco de roupa, passo o desodorante e coloco um perfuminho. Ajeito o cabelo rapidinho, pois estou quase atrasado. Despeço-me do Jonathan e saio. Saindo do portão, lembro que não peguei o passe de ônibus no armário. Volto e saio quase correndo.

Ando os 150 metros até a entrada do Loteamento Santa Rita. Um pessoal está ajeitando a igreja para a polentada que aconteceria no domingo. E o ponto de ônibus está vazio. “Ah, perdi ele...”. Sento, espero um pouco. “Mas ele saiu antes do horário... só pode”. Converso comigo mesmo e vejo uma gostosa moça chegando no ponto. “Ótimo, não perdi não... só se ela também perdeu”. Mas logo desce do morro o azulzinho 603 – Terminal Fortaleza. Ótimo!!! Vamos para a primeira parte da viagem.

Perto de mim, algumas galinhas cacarejam adolescentes falam sobre D’Lay, Caramba’s e Rivage. Mas minha cabeça não consegue prestar muita atenção sobre o que exatamente elas conversam. Ainda estou muito ansioso. “Nem são 6 da tarde e já estou saindo para a “balada”... e o pessoal nem deve ainda estar pensando no esquenta...”. O ônibus chega ao terminal. Vou ao banheiro para terminar de arrumar o cabelo e lavar o rosto para aliviar a tensão. Sento num banco e espero. Vejo a árvore que fica atrás do ponto de táxi cheia de pássaros. E outros vão chegando sem parar. É uma barulheira incrível. Coisa linda! Agora sei por que aquela placa que fica em baixo dá árvore está tão hagada...

O 605 – Rodoviária chega ao Terminal. São 18 e 10. O céu já está bem escuro. Entro, sento e espero um pouco. 18 e 15. O ônibus sai. Segunda parte da viagem. Curtinha. Após quase batermos em um filadaputa algo não identificável na saída da Via Expressa, chegamos à Rodoviária. Rodoviária... É, novamente estou aqui. Lembro das duas viagens à praia que me serviram de inspiração para escrever no final de 2005. Minha época “pura”... Chego ao guichê da Catarinense e digo à atendente (não muito simpática) que vi no site deles o seguinte: ônibus de Blumenau para Indaial às 19h25. Ela diz que essa linha não existe. Então pergunto se há algum outro ônibus que pelo menos passe por lá. Ela diz que não. “OK, Obrigado”. Sento num dos bancos amarelos e olho os guichês das outras empresas [sim Tina, tinha um da Presidente lá]. O que a tansa mulher falou não me convenceu nem um pouco. Parece até que ela não estava querendo vender passagem. Vou ao outro guichê da Catarinense. Uma moça mais simpática (só um pouco) me atende.
Para ela entender exatamente o que preciso, pergunto:

– Tem algum ônibus de vocês que passará por Indaial nesta noite?
Ela abre o sistema e vejo na tela do monitor três linhas preenchidas.
– Temos um que está vindo de Florianópolis e chega às 19 e 25, e outro que está vindo de Curitiba e chega às 19 horas. Mas eles geralmente chegam meia hora atrasados.
– Eles passam aqui na Rodoviária?
– Sim, sim.
– Beleza, pode ser qualquer um.
– OK, vou te colocar no que vem Curitiba.
A moça está fazendo os registros. Ótimo!!! Em Indaial já “estou”. Ela entrega o bilhete.
– São 4 reais e 50 centavos.
– Hum... baratinho...
– Ó (mostrando a parte de baixo do bilhete), no ônibus estará escrito Balneário Camboriú – Lages.
– OK, obrigado.

Vou novamente ao banheiro para lavar o rosto e olhar o cabelo. Ainda tenho uns 40 minutos para gastar. Já que deu para comer apenas um cachorro-quente antes de sair de casa, compro um Pingo de Ouro na lanchonete. Sento em um dos banquinhos e assisto a TV. Uma chaminé moça ao meu lado lê uma revista de moda enquanto fuma. É, que moda... Esvazio rapidamente o pacote e saio dali antes que meus pulmões adoeçam e eu me torne um viciado. Compro um Trident Splash para tirar o gosto salgado da boca. Sento em outro banco. Uma bela morena senta perto de mim. Ela também abre uma revista de moda. Uma reportagem trazia como título algo como: “Meu cachorro foi meu buquê de casamento”. Sóóóóó... Como não é meu casamento, dane-se. Mas se minha noiva vier com essa idéia... Olha...

O ônibus que vem Florianópolis chega. O de Curitiba também. Às 19 e 25, ambos saem. E nada do meu de Balneário Camboriú. “É, deve estar atrasado apenas...”. 19 e 30... 19 e 40... Às 19 e 50 chega o bendito. Chego junto no motorista e pergunto a ele se o ônibus está apenas atrasado ou meu bilhete está errado, pois marca o horário de 19 e 25.

Ele se vira para o carinha da fiscalização e fala:
– Aqui em cima está certo, Blumenau x Indaial. Mas como essas gurias dos guichês colocam a linha errada aqui em baixo. O horário não é esse.
O carinha retruca, virando para mim:
– Mas às 19 e 25 tinha sim dois ônibus aqui que passavam em Indaial.
– Veja bem, neles não estava escrito “Balneário Camboriú x Lages”, como está aqui no bilhete.
– Como fazemos agora? Ele pode ir nesse? – O motorista tenta resolver.
– Sim, sim. Pode.
– Ufa!!! – fico aliviado.
– Mas esse apenas não passa no Centro de Indaial, apenas pára no trevo.
– OK, é por ali mesmo que preciso descer – acho que sim né...

Entro no ônibus. Um pessoal que parece bem cansado já está dormindo. Procuro o assento 9, junto à janela e sento. Relaxo e fecho os olhos por um instante. “Inspira, expira. Inspira, expira. Inspira, expira”. Estou mais calmo. Às 20 horas o motorista fecha a porta da cabine e dá partida no ônibus. Vamos lá. Terceira parte da viagem. Uns 25 minutos até chegar em Indaial. Passamos pela Dois de Setembro e pela Udo Deeke e chegamos à BR-470. Sempre atento, olho para fora da janela tentando reconhecer algo. Apenas sei que a rua da Harpyia fica logo antes de um grande ribeirão. Já estamos numa área meio deserta entre Blumenau e Indaial. “OK, já devemos estar chegando”. O celular vibra no bolso. ”Só pode ser a mãe...”. E não dá outra:

– Alô mãe.
– O telefone lá de casa não atende?
– É que não tem ninguém em casa.
– Como assim?
– Estou indo para Indaial na reabertura da Harpyia e o Jonathan foi jogar sinuca com os colegas dele.
– Tais indo com quem?
– Com o Roger – Ai ai ai...
– Assim cedo?
– É, é que passei na casa dele antes – Nossa, que mentiroso...
– Boa noite então. Se cuida lá. Fica com os anjos – e blá blá blá, blá blá blá (hehehe... tadinha)
– Boa noite mãe. Beijo.

Ah, menti sim para minha mãe. Mas foi por uma boa causa. Tenho certeza que ela ficaria preocupada e passaria a noite acordada se soubesse para onde (e como) eu tinha ido. Mas em casa contei para ela toda a verdade, claro. Aí já não tinha como ela se preocupar, né. Beleza, devo estar perdoado.

Volto a olhar atentamente para fora da janela. Passamos por uma ponte sobre o que parece ser um grande ribeirão. “Opa! Acho que é aqui”. Olho para o que vem a frente do ônibus e vejo um trevo a uns 250 metros. “Opa! É aqui sim!”. Antes disso uma moça sentada primeiro banco dá uma batidinha na porta da cabine. Espero o ônibus parar. Dou um “valeu” para o motorista e desembarco.

“Certo. Agora tenho que voltar e entrar na primeira rua à esquerda após a ponte”. Antes mesmo de começar a andar vejo um grande feixe de luz no céu mais ou menos do lugar aonde eu iria. “Fechou. É lá!”. Ando por uns 5 minutos e chego à ponte. “OK, primeira à esquerda...”. Dois carinhas meio malacos estão sentados na esquina. Procuro a placa de identificação da rua. “Hum... Aqui... Três Corações... Isso!”. Faço uma manobra um pouco brusca virando o corpo à esquerda e sinto os malacos olhando para mim. Passo por eles rapidinho. “Fiquem aí, fiquem aí...”. Eles ficam. Sorte deles. Agora já posso ver no topo de um morro o equipamento que lançava o tal feixe de luz. “Hum... é aqui...”. Vou até a entrada. Fechado. Certo, ainda são oito e meia. Em uma casa ali perto rola um “esquenta”. Estão tocando uns bate-estacas básicos. No último volume.

Estou com sede. Encontro um bar no outro lado da rua. Entro. Uma música bem ao estilo flashback toca. Bem alto. “Esse povo de Indaial tem problemas de audição???”. Vou ao balcão. Não tem ninguém do outro lado. Apóio os braços um pouco cansados. Um loiro sentado ao lado fala algo que não consigo entender (graças à música alta). A safada morena que está meio abraçada com ele também fala algo. Também não entendo nada. Apenas balanço a cabeça, cumprimentando. “Acho que eles deram oi”. Fico meio boiando e ouço a loira falar: “Pode pedir”. “Ahhh, você é a dona aqui??? ... Olha só aonde vim parar”, penso (claro né, imagina se eu falo um negócio desse... é morte na certa). “Tens água mineral? Com gás?”, pergunto. É, água mineral...? E com gás...? Ali...? Realmente é melhor perguntar. A loira chama: “Paulinhaaaa”. Parece que a puta moça está na “sala” ao lado dando para dançando com alguns caras. A Paulinha não vem. Novamente: “Paulinhaaaaaaaa”. Deve estar bom, pois a Paulinha não aparece. Então, a loira tira o rabo se levanta da cadeira e vai para o lado de trás do balcão. Abre a geladeira e pergunta: “Água?”. “Sim, água”. “Com gás né?”. “É, com gás”. “Deves estar fumada né?”, penso, enquanto ela entrega a garrafinha. Pego um canudinho, recebo o troco e vou embora.

Atravesso novamente a rua. Alguns seguranças estão na entrada da Harpyia. Confirmo com ele que os portões abrem somente às 9 horas. Encosto no muro. Mais uns 20 minutos de espera. “Eu que não curto essas coisas chego aqui na reabertura da Harpyia às 8 e meia e sou o primeiro da fila”. Devem achar que sou um desses baladeiros que não perdem nenhuma festa. Uma senhora coloca alguns cavaletes na entrada do terreno da sua casa, provavelmente para evitar que estacionem algum carro ali. E nada de os portões abrirem. Várias pessoas passam de carro, diminuem a velocidade, olham para a entrada e tocam em frente. Uma moto com dois homens pára perto de mim e pergunta às duas garotas que festa vai rolar ali. Elas falam que é a reabertura e Harpyia e tal. Eles dizem que “esse lugar é palha”. Enquanto colocam o capacete, o cara que vai atrás praticamente devora uma das gurias com os olhos, de cima a baixo, dando um sorriso bem safado. Eles vão embora. “É, vazem”.

Finalmente os portões se abrem. Subo na frente, puxando a “fila”, que tinha umas cinco pessoas. Morrinho tranqüilo. Quando chego lá em cima, os outros ainda estão fazendo a última curva. Confirmo com os manobristas onde é a portaria. Lá, pergunto ao segurança que horas abre a bilheteria e a entrada. “9 e 30, e vocês podem começar a fazer a fila ali em baixo”. Desço e espero em pé começo da rampa. Fico admirando o lugar e um pessoal começa a chegar. Os caras atrás de mim reclamam da hora. “Mas falaram que iria abrir às 9”. O segurança desce e os caras perguntam para ele que horas, afinal, vão deixar o pessoal entrar. Ele diz que depende do “OK do chefão”. Uma fumaça começa a sair não sei de onde. Ela começa a tomar conta de toda a parte de trás do prédio e do estacionamento. “Iiiii, pegou fogo de novo!!! Fuja louco!!!”. Pfff... Ainda não sei do que era aquela fumaça. O segurança pede que sejam feitas duas filas para entrar. Uma de homens e outra de mulheres. Ele se confunde todo com os lados. Depois de finalmente decidir qual o lado de quem, formamos as filas. “E aí? Já sabes que horas abre?”, o cara atrás de mim pergunta ao segurança. “Calma, falta o OK do chefão”. Esse chefão...

Depois de uns 10 minutos, já com uma quantidade razoável de pessoas na fila, os seguranças liberam a bilheteira. Claro, após o “OK do chefão” né. Subo a rampa. “Quem não tem ingresso, compra ali na bilheteria; quem tem, faz uma fila ao lado”, diz o segurança. Dois rapazes e uma garota, provavelmente amigos do chefão, já formam uma fila. Eu, que não sou amigo de ninguém ali, muito menos do chefão, vou à bilheteria para comprar o ingresso. “São 15 reais”, diz a gostosinha com cara de filhinha do chefão e que anda arrumadinha mas deve ser uma baita duma safadinha atendente. “Putz, mais (menos né) 15 pila... mas vale a pena”, penso. Pego o ingresso e vou para a fila. Novamente tenho que esperar. Dois caras do juizado de menores chegam. Conhecidos dos seguranças, eles riem mais do que trabalham. Agora, é tanta gente chegando que é como se tivessem aberto as barragens lá de Benedito Novo. É uma onda gigante de pessoas vindo. A área coberta enche. O pessoal já está no gramado. Os seguranças andam para lá e para cá, provavelmente aguardando o “OK final do chefão”, que deve estar muito ocupado comendo alguma garota em seu escritório ajeitando os detalhes finais da festa.

Já são quase 10 e 30 quando, finalmente, deixam o pessoal entrar. Já deixo o RG bem à mostra, pois sei que vão pedi-lo né. Que nada. Um segurança já coloca a fitinha no meu pulso. Então sigo para a revista. O carinha pede para eu levantar os braços. Peço para ele esperar eu tirar “algumas” coisas dos bolsos. Celular, chave de casa, carteira... O segurança começa a rir. “Chega, chega, está bom”. “Mas tem a câmera ainda”. “Está bom, está bom”. Então ele faz a revista e ignora a grande saliência no bolso direito da minha calça, provavelmente porque eu já tinha falado que era a câmera. No final da revista ele bate em outra grande saliência [...], que também ignora.

Entro, bóio um pouco e fico parado por alguns segundos na salinha de entrada. Vou à pista principal, que ainda está vazia, e dou uma olhada geral no lugar. “Maaaassa...”. Fico ali por alguns minutos, encostado no guarda-corpo do mezanino. “O que fazer??? Esperar né...”. Desço, passo pelo restaurante e vou até a pagodeira, onde o grupo já começou a tocar. Sento numa cadeira e fico curtindo a música. São 11 horas. “Ainda vou ficar aqui umas 6 horas”. O tempo passa e fico indo e vindo entre a pagodeira e a pista principal. Já deve ser meia-noite, e o pessoal já é bem razoável. Estou sentado lá fora quando vejo uma movimentação de mulheres na porta do restaurante. Normal. Até que vejo uma pessoinha que se “destaca” no meio delas por sua [falta de] altura. “Hum... esse tamanho... e esse cabelo... esse cabelo... Sim! É a Roseli!”. Penso ainda ser um pouco cedo para ir falar com ela. “Deixa ela curtir mais a noite”. Não vejo a Tina com ela. Estranho. “Será que ela não veio? Claro que ela veio. Mas, e então?... Sim, talvez tenha ficado escondida no meio das outras gurias. É, deve ser isso”. [É, suas amigas que são altas demais né... Aham...].

Continua...

O melhor da noite ainda está por vir..."


Não sei porque, mas antes mesmo de gostar dela - o que foi começar a acontecer algumas semanas depois, eu tinha muitas dificuldades para falar sobre ela. Bom, mas vou tentar - depois de quatro anos - completar a história daquela noite... Acho que foi mais ou menos o seguinte:

Depois que encontrei a Rose no meio do pessoal, fui ao encontro dela. Ela se espantou com a minha presença. Então fomos dar uma volta. Primeiro dançamos um pouco num deck onde tocavam pagode e depois ficamos um tempão sentados na calçada do estacionamento conversando. O pessoal passava por nós e pegava no meu pé: "Fica com ela"... "Vai, cara"... e não sei o que...

Mas eu não tinha vontade. Eu ainda não "gostava" dela. Mas acredito que naquela noite uma sementinha se plantou no meu coração (que coisa para boiola). E agora me pergunto: Será que ela já gostava um pouquinho de mim? Não sei. Nunca perguntei. Pois é, tenho que perguntar.

E para você que leu a primeira parte da história: Eu não lembro como voltei para casa. Acredito que tenha esperado por algum ônibus intermunicipal até o começo da manhã do domingo. É, eu era meio fora.