Há exatamente quatro anos "saí" pela primeira vez com a Rose. Bom, não foi bem isso... A história MEIO completa está abaixo. Ignorem meu jeito de escrever... eu era meio idiota. Ah, notem que eu não falo praticamente nada sobre nosso "encontro".
Não sei porque, mas antes mesmo de gostar dela - o que foi começar a acontecer algumas semanas depois, eu tinha muitas dificuldades para falar sobre ela. Bom, mas vou tentar - depois de quatro anos - completar a história daquela noite... Acho que foi mais ou menos o seguinte:
Depois que encontrei a Rose no meio do pessoal, fui ao encontro dela. Ela se espantou com a minha presença. Então fomos dar uma volta. Primeiro dançamos um pouco num deck onde tocavam pagode e depois ficamos um tempão sentados na calçada do estacionamento conversando. O pessoal passava por nós e pegava no meu pé: "Fica com ela"... "Vai, cara"... e não sei o que...
Mas eu não tinha vontade. Eu ainda não "gostava" dela. Mas acredito que naquela noite uma sementinha se plantou no meu coração (que coisa para boiola). E agora me pergunto: Será que ela já gostava um pouquinho de mim? Não sei. Nunca perguntei. Pois é, tenho que perguntar.
E para você que leu a primeira parte da história: Eu não lembro como voltei para casa. Acredito que tenha esperado por algum ônibus intermunicipal até o começo da manhã do domingo. É, eu era meio fora.
"É, faz um bom tempo que não escrevo algo. Como vocês sabem, apenas coisas muito especiais me dão alguma inspiração. Nem o show o Bruno & Marrone
me deu suficiente... Mas acho que hoje tenho bons motivos para
escrever. Pois o sábado foi, digamos, bem legal. Ontem [ainda era
domingo] eu estava com as memórias mais frescas, mas a cabeça estava
muito cansada para colocá-las no papel. Estou escrevendo apenas por que algumas pessoas estão me obrigando
incentivando a fazer isso. Elas dizem gostar do que escrevo... Vou
fazer um esforço, se bem que não será tão difícil assim, pois uma noite
como essa não é para se esquecer tão facilmente. Com certeza não.
Ainda
é tarde de sábado. Estou no computador fazendo um trabalho da
faculdade. Meus pais foram à praia e meu irmão está assistindo TV. Faz
algumas semanas que as minhas duas amigas de Rodeio, a Roseli e a
A-pa-re-ci-da, estão completamente loucas um pouco ansiosas aguardando a reabertura da Harpyia, em Indaial. Elas
me convidam para ir lá também. Pois é, sem carona fica difícil fazer
isso. Claro que vontade de ir eu tinha sim. Mais por causa delas mesmo.
É, iria ser legal. E também diferente, por encontrá-las num lugar que
não fosse a Vila Germânica num show sertanejo [também].
OK, irei. Mas digo a elas que não. Não, na verdade eu não falei isso
para elas. Simplesmente disse que a noite seria longa como uma maratona
(realmente seria) e que aqui em Blumenau teria um Flashback para
ir (sim, teria, mas eu não disse que iria nele...). Ou seja, eu não
disse a elas que não iria à Harpyia. Mas realmente dei a entender isso.
Bom, vou pregar uma peça nelas. Ha...hahahahaha. Apenas não lembrei de
dar uma dessas risadas macabras quando pensei nisso.
Mas, eu ainda tinha um problema para resolver: Como eu iria para Indaial?
Primeira alternativa: Ir com meu amigo Roger.
Ele gosta de uma balada e pode pegar o carro do pai emprestado. Então,
ainda no sábado, comentei com ele que a Harpyia iria reabrir e tal...
Digamos que joguei verde para tentar colher o maduro. Não deu certo.
Hehehe... Ele precisava economizar uma grana para o Bali Hai da semana que vem. Então não poderia sair nesse final de semana. Está completamente certo.
Segunda alternativa: Ir de bicicleta. Sim, algo meio “suicida”. Nem foram a distância (uns 22 km) e a rodovia
que me deixaram com medo. Como os pneus da minha bicicleta não são lá
uma Brastemp, o meu maior receio era que um deles furasse. Aí a
distância seria um baita problema sim.
Terceira alternativa: Ir de ônibus. É, vários deles passam por Indaial todo dia. Beleza. Entro no site da Catarinense
para verificar os horários. Encontro um que sai de Blumenau às 19 e 25 e
chega em Indaial por volta das 19 e 50. OK. É esse. Agora tenho que ver
como chegar à Rodoviária. No site do SETERB
vejo os horários dos ônibus aqui de Blumenau. Lembrando: tenho que
estar na rodoviária pelas 19 e 15 para dar tempo de comprar a passagem.
Mas exatamente às 19 e 15 sai um ônibus do Terminal da Fortaleza para a Rodoviária.
Então não dá para pegar ele. Óbvio. Antes, apenas às 18 e 15. Isso que
ele leva 5 minutos até a Rodoviária. Ou seja, terei que ficar uns 55
minutos lá esperando. Tudo bem. Mas ainda tenho que ver o horário que o
ônibus aqui de casa sai para ir ao Terminal (eita nós, ah um carro na
minha mão). OK, 18 e 10 sai um daqui. Mas, sem chances. Ele leva uns 10
minutos, no mínimo, até o Terminal. Então tenho que pegar o das 17 e 40.
É, ainda terei que esperar um tempinho no Terminal também. Sem
problemas.
São
15 e 30, vou tirar uma soneca no sofá. Faz bem né. Agüentar a noite
toda acordado não será tão fácil. Meu amigo Roger sempre tira um bom
cochilo nas tardes de sábado. Isso deve ajudar ele a pegar todas as garotas
bombar nas festas... OK. Coloco o celular para despertar às 17 horas e
deito no sofá. Consigo dormir mais ou menos uma hora. E como essa
horinha me fez bem. Tomo um bom banho e deixo esquentando um
cachorro-quente que minha mãe havia deixado pronto. Meu estômago parece
ter encolhido, de tanta ansiedade. “Acho que não vai ser bom...” “Ainda
dá para desistir...” “Sair dessa quenturinha aqui de casa?” “Isso é um
pouco de loucura...”. Ah, dane-se. É como sempre penso, agora está ruim,
mas compensa, pois depois vai ficar bom. Beleza. Termino de comer,
escovo os dentes, troco de roupa, passo o desodorante e coloco um
perfuminho. Ajeito o cabelo rapidinho, pois estou quase atrasado.
Despeço-me do Jonathan e saio. Saindo do portão, lembro que não peguei o
passe de ônibus no armário. Volto e saio quase correndo.
Ando os 150 metros até a entrada do Loteamento Santa Rita.
Um pessoal está ajeitando a igreja para a polentada que aconteceria no
domingo. E o ponto de ônibus está vazio. “Ah, perdi ele...”. Sento,
espero um pouco. “Mas ele saiu antes do horário... só pode”. Converso
comigo mesmo e vejo uma gostosa moça chegando no ponto. “Ótimo,
não perdi não... só se ela também perdeu”. Mas logo desce do morro o
azulzinho 603 – Terminal Fortaleza. Ótimo!!! Vamos para a primeira parte
da viagem.
Perto de mim, algumas galinhas cacarejam adolescentes falam sobre D’Lay, Caramba’s e Rivage.
Mas minha cabeça não consegue prestar muita atenção sobre o que
exatamente elas conversam. Ainda estou muito ansioso. “Nem são 6 da
tarde e já estou saindo para a “balada”... e o pessoal nem deve ainda
estar pensando no esquenta...”. O ônibus chega ao terminal. Vou ao
banheiro para terminar de arrumar o cabelo e lavar o rosto para aliviar a
tensão. Sento num banco e espero. Vejo a árvore que fica atrás do ponto
de táxi cheia de pássaros. E outros vão chegando sem parar. É uma
barulheira incrível. Coisa linda! Agora sei por que aquela placa que
fica em baixo dá árvore está tão hagada...
O
605 – Rodoviária chega ao Terminal. São 18 e 10. O céu já está bem
escuro. Entro, sento e espero um pouco. 18 e 15. O ônibus sai. Segunda
parte da viagem. Curtinha. Após quase batermos em um filadaputa
algo não identificável na saída da Via Expressa, chegamos à Rodoviária.
Rodoviária... É, novamente estou aqui. Lembro das duas viagens à praia
que me serviram de inspiração para escrever no final de 2005. Minha
época “pura”... Chego ao guichê da Catarinense e digo à atendente (não
muito simpática) que vi no site deles o seguinte: ônibus de Blumenau
para Indaial às 19h25. Ela diz que essa linha não existe. Então pergunto
se há algum outro ônibus que pelo menos passe por lá. Ela diz que não.
“OK, Obrigado”. Sento num dos bancos amarelos e olho os guichês das
outras empresas [sim Tina, tinha um da Presidente lá]. O que a tansa
mulher falou não me convenceu nem um pouco. Parece até que ela não
estava querendo vender passagem. Vou ao outro guichê da Catarinense. Uma
moça mais simpática (só um pouco) me atende.
Para ela entender exatamente o que preciso, pergunto:
– Tem algum ônibus de vocês que passará por Indaial nesta noite?
Ela abre o sistema e vejo na tela do monitor três linhas preenchidas.
– Temos um que está vindo de Florianópolis e chega às 19 e 25, e outro que está vindo de Curitiba e chega às 19 horas. Mas eles geralmente chegam meia hora atrasados.
– Eles passam aqui na Rodoviária?
– Sim, sim.
– Beleza, pode ser qualquer um.
– OK, vou te colocar no que vem Curitiba.
A moça está fazendo os registros. Ótimo!!! Em Indaial já “estou”. Ela entrega o bilhete.
– São 4 reais e 50 centavos.
– Hum... baratinho...
– Ó (mostrando a parte de baixo do bilhete), no ônibus estará escrito Balneário Camboriú – Lages.
– OK, obrigado.
Ela abre o sistema e vejo na tela do monitor três linhas preenchidas.
– Temos um que está vindo de Florianópolis e chega às 19 e 25, e outro que está vindo de Curitiba e chega às 19 horas. Mas eles geralmente chegam meia hora atrasados.
– Eles passam aqui na Rodoviária?
– Sim, sim.
– Beleza, pode ser qualquer um.
– OK, vou te colocar no que vem Curitiba.
A moça está fazendo os registros. Ótimo!!! Em Indaial já “estou”. Ela entrega o bilhete.
– São 4 reais e 50 centavos.
– Hum... baratinho...
– Ó (mostrando a parte de baixo do bilhete), no ônibus estará escrito Balneário Camboriú – Lages.
– OK, obrigado.
Vou
novamente ao banheiro para lavar o rosto e olhar o cabelo. Ainda tenho
uns 40 minutos para gastar. Já que deu para comer apenas um
cachorro-quente antes de sair de casa, compro um Pingo de Ouro na
lanchonete. Sento em um dos banquinhos e assisto a TV. Uma chaminé
moça ao meu lado lê uma revista de moda enquanto fuma. É, que moda...
Esvazio rapidamente o pacote e saio dali antes que meus pulmões adoeçam e
eu me torne um viciado. Compro um Trident Splash para tirar o gosto
salgado da boca. Sento em outro banco. Uma bela morena senta perto de
mim. Ela também abre uma revista de moda. Uma reportagem trazia como
título algo como: “Meu cachorro foi meu buquê de casamento”. Sóóóóó...
Como não é meu casamento, dane-se. Mas se minha noiva vier com essa
idéia... Olha...
O
ônibus que vem Florianópolis chega. O de Curitiba também. Às 19 e 25,
ambos saem. E nada do meu de Balneário Camboriú. “É, deve estar atrasado
apenas...”. 19 e 30... 19 e 40... Às 19 e 50 chega o bendito. Chego
junto no motorista e pergunto a ele se o ônibus está apenas atrasado ou
meu bilhete está errado, pois marca o horário de 19 e 25.
Ele se vira para o carinha da fiscalização e fala:
– Aqui em cima está certo, Blumenau x Indaial. Mas como essas gurias dos guichês colocam a linha errada aqui em baixo. O horário não é esse.
O carinha retruca, virando para mim:
– Mas às 19 e 25 tinha sim dois ônibus aqui que passavam em Indaial.
– Veja bem, neles não estava escrito “Balneário Camboriú x Lages”, como está aqui no bilhete.
– Como fazemos agora? Ele pode ir nesse? – O motorista tenta resolver.
– Sim, sim. Pode.
– Ufa!!! – fico aliviado.
– Mas esse apenas não passa no Centro de Indaial, apenas pára no trevo.
– OK, é por ali mesmo que preciso descer – acho que sim né...
– Aqui em cima está certo, Blumenau x Indaial. Mas como essas gurias dos guichês colocam a linha errada aqui em baixo. O horário não é esse.
O carinha retruca, virando para mim:
– Mas às 19 e 25 tinha sim dois ônibus aqui que passavam em Indaial.
– Veja bem, neles não estava escrito “Balneário Camboriú x Lages”, como está aqui no bilhete.
– Como fazemos agora? Ele pode ir nesse? – O motorista tenta resolver.
– Sim, sim. Pode.
– Ufa!!! – fico aliviado.
– Mas esse apenas não passa no Centro de Indaial, apenas pára no trevo.
– OK, é por ali mesmo que preciso descer – acho que sim né...
Entro no ônibus. Um pessoal que parece bem cansado já está dormindo. Procuro
o assento 9, junto à janela e sento. Relaxo e fecho os olhos por um
instante. “Inspira, expira. Inspira, expira. Inspira, expira”. Estou
mais calmo. Às 20 horas o motorista fecha a porta da cabine e dá partida
no ônibus. Vamos lá. Terceira parte da viagem. Uns 25 minutos até
chegar em Indaial. Passamos
pela Dois de Setembro e pela Udo Deeke e chegamos à BR-470. Sempre
atento, olho para fora da janela tentando reconhecer algo. Apenas sei
que a rua da Harpyia fica logo antes de um grande ribeirão. Já estamos
numa área meio deserta entre Blumenau e Indaial. “OK, já devemos estar
chegando”. O celular vibra no bolso. ”Só pode ser a mãe...”. E não dá
outra:
– Alô mãe.
– O telefone lá de casa não atende?
– É que não tem ninguém em casa.
– Como assim?
– Estou indo para Indaial na reabertura da Harpyia e o Jonathan foi jogar sinuca com os colegas dele.
– Tais indo com quem?
– Com o Roger – Ai ai ai...
– Assim cedo?
– É, é que passei na casa dele antes – Nossa, que mentiroso...
– Boa noite então. Se cuida lá. Fica com os anjos – e blá blá blá, blá blá blá (hehehe... tadinha)
– Boa noite mãe. Beijo.
– O telefone lá de casa não atende?
– É que não tem ninguém em casa.
– Como assim?
– Estou indo para Indaial na reabertura da Harpyia e o Jonathan foi jogar sinuca com os colegas dele.
– Tais indo com quem?
– Com o Roger – Ai ai ai...
– Assim cedo?
– É, é que passei na casa dele antes – Nossa, que mentiroso...
– Boa noite então. Se cuida lá. Fica com os anjos – e blá blá blá, blá blá blá (hehehe... tadinha)
– Boa noite mãe. Beijo.
Ah,
menti sim para minha mãe. Mas foi por uma boa causa. Tenho certeza que
ela ficaria preocupada e passaria a noite acordada se soubesse para onde
(e como) eu tinha ido. Mas em casa contei para ela toda a verdade,
claro. Aí já não tinha como ela se preocupar, né. Beleza, devo estar
perdoado.
Volto
a olhar atentamente para fora da janela. Passamos por uma ponte sobre o
que parece ser um grande ribeirão. “Opa! Acho que é aqui”. Olho para o
que vem a frente do ônibus e vejo um trevo a uns 250 metros.
“Opa! É aqui sim!”. Antes disso uma moça sentada primeiro banco dá uma
batidinha na porta da cabine. Espero o ônibus parar. Dou um “valeu” para
o motorista e desembarco.
“Certo.
Agora tenho que voltar e entrar na primeira rua à esquerda após a
ponte”. Antes mesmo de começar a andar vejo um grande feixe de luz no
céu mais ou menos do lugar aonde eu iria. “Fechou. É lá!”. Ando por uns 5
minutos e chego à ponte. “OK, primeira à esquerda...”. Dois carinhas
meio malacos estão sentados na esquina. Procuro a placa de identificação
da rua. “Hum... Aqui... Três Corações... Isso!”. Faço uma manobra um
pouco brusca virando o corpo à esquerda e sinto os malacos olhando para
mim. Passo por eles rapidinho. “Fiquem aí, fiquem aí...”. Eles ficam.
Sorte deles. Agora já posso ver no topo de um morro o equipamento que
lançava o tal feixe de luz. “Hum... é aqui...”. Vou até a entrada.
Fechado. Certo, ainda são oito e meia. Em uma casa ali perto rola um
“esquenta”. Estão tocando uns bate-estacas básicos. No último volume.
Estou
com sede. Encontro um bar no outro lado da rua. Entro. Uma música bem
ao estilo flashback toca. Bem alto. “Esse povo de Indaial tem problemas
de audição???”. Vou ao balcão. Não tem ninguém do outro lado. Apóio os
braços um pouco cansados. Um loiro sentado ao lado fala algo que não
consigo entender (graças à música alta). A safada morena que está
meio abraçada com ele também fala algo. Também não entendo nada. Apenas
balanço a cabeça, cumprimentando. “Acho que eles deram oi”. Fico meio
boiando e ouço a loira falar: “Pode pedir”. “Ahhh, você é a dona aqui???
... Olha só aonde vim parar”, penso (claro né, imagina se eu falo
um negócio desse... é morte na certa). “Tens água mineral? Com gás?”,
pergunto. É, água mineral...? E com gás...? Ali...? Realmente é melhor
perguntar. A loira chama: “Paulinhaaaa”. Parece que a puta moça está na “sala” ao lado dando para
dançando com alguns caras. A Paulinha não vem. Novamente:
“Paulinhaaaaaaaa”. Deve estar bom, pois a Paulinha não aparece. Então, a
loira tira o rabo se levanta da cadeira e vai para o lado de
trás do balcão. Abre a geladeira e pergunta: “Água?”. “Sim, água”. “Com
gás né?”. “É, com gás”. “Deves estar fumada né?”, penso, enquanto ela
entrega a garrafinha. Pego um canudinho, recebo o troco e vou embora.
Atravesso
novamente a rua. Alguns seguranças estão na entrada da Harpyia.
Confirmo com ele que os portões abrem somente às 9 horas. Encosto no
muro. Mais uns 20 minutos de espera. “Eu que não curto essas coisas
chego aqui na reabertura da Harpyia às 8 e meia e sou o primeiro da
fila”. Devem achar que sou um desses baladeiros que não perdem nenhuma
festa. Uma senhora coloca alguns cavaletes na entrada do terreno da sua
casa, provavelmente para evitar que estacionem algum carro ali. E nada
de os portões abrirem. Várias pessoas passam de carro, diminuem a
velocidade, olham para a entrada e tocam em frente. Uma
moto com dois homens pára perto de mim e pergunta às duas garotas que
festa vai rolar ali. Elas falam que é a reabertura e Harpyia e tal. Eles
dizem que “esse lugar é palha”. Enquanto colocam o capacete, o cara que
vai atrás praticamente devora uma das gurias com os olhos, de cima a
baixo, dando um sorriso bem safado. Eles vão embora. “É, vazem”.
Finalmente
os portões se abrem. Subo na frente, puxando a “fila”, que tinha umas
cinco pessoas. Morrinho tranqüilo. Quando chego lá em cima, os outros
ainda estão fazendo a última curva. Confirmo com os manobristas onde é a
portaria. Lá, pergunto ao segurança que horas abre a bilheteria e a
entrada. “9 e 30, e vocês podem começar a fazer a fila ali em baixo”.
Desço e espero em pé começo da rampa. Fico admirando o lugar e um
pessoal começa a chegar. Os caras atrás de mim reclamam da hora. “Mas
falaram que iria abrir às 9”.
O segurança desce e os caras perguntam para ele que horas, afinal, vão
deixar o pessoal entrar. Ele diz que depende do “OK do chefão”. Uma
fumaça começa a sair não sei de onde. Ela começa a tomar conta de toda a
parte de trás do prédio e do estacionamento. “Iiiii, pegou fogo de
novo!!! Fuja louco!!!”. Pfff... Ainda não sei do que era aquela fumaça. O
segurança pede que sejam feitas duas filas para entrar. Uma de homens e
outra de mulheres. Ele se confunde todo com os lados. Depois de
finalmente decidir qual o lado de quem, formamos as filas. “E aí? Já
sabes que horas abre?”, o cara atrás de mim pergunta ao segurança.
“Calma, falta o OK do chefão”. Esse chefão...
Depois
de uns 10 minutos, já com uma quantidade razoável de pessoas na fila,
os seguranças liberam a bilheteira. Claro, após o “OK do chefão” né. Subo
a rampa. “Quem não tem ingresso, compra ali na bilheteria; quem tem,
faz uma fila ao lado”, diz o segurança. Dois rapazes e uma garota,
provavelmente amigos do chefão, já formam uma fila. Eu, que não sou
amigo de ninguém ali, muito menos do chefão, vou à bilheteria para
comprar o ingresso. “São 15 reais”, diz a gostosinha com cara de filhinha do chefão e que anda arrumadinha mas deve ser uma baita duma safadinha
atendente. “Putz, mais (menos né) 15 pila... mas vale a pena”, penso.
Pego o ingresso e vou para a fila. Novamente tenho que esperar. Dois
caras do juizado de menores chegam. Conhecidos dos seguranças, eles riem
mais do que trabalham. Agora, é tanta gente chegando que é como se
tivessem aberto as barragens lá de Benedito Novo. É uma onda gigante de
pessoas vindo. A área coberta enche. O pessoal já está no gramado. Os
seguranças andam para lá e para cá, provavelmente aguardando o “OK final
do chefão”, que deve estar muito ocupado comendo alguma garota em seu escritório ajeitando os detalhes finais da festa.
Já
são quase 10 e 30 quando, finalmente, deixam o pessoal entrar. Já deixo
o RG bem à mostra, pois sei que vão pedi-lo né. Que nada. Um segurança
já coloca a fitinha no meu pulso. Então sigo para a revista. O carinha
pede para eu levantar os braços. Peço para ele esperar eu tirar
“algumas” coisas dos bolsos. Celular, chave de casa, carteira... O
segurança começa a rir. “Chega, chega, está bom”. “Mas tem a câmera
ainda”. “Está bom, está bom”. Então ele faz a revista e ignora a grande
saliência no bolso direito da minha calça, provavelmente porque eu já
tinha falado que era a câmera. No final da revista ele bate em outra
grande saliência [...], que também ignora.
Entro,
bóio um pouco e fico parado por alguns segundos na salinha de entrada.
Vou à pista principal, que ainda está vazia, e dou uma olhada geral no
lugar. “Maaaassa...”. Fico ali por alguns minutos, encostado no
guarda-corpo do mezanino. “O que fazer??? Esperar né...”. Desço, passo
pelo restaurante e vou até a pagodeira, onde o grupo já começou a tocar.
Sento numa cadeira e fico curtindo a música. São 11 horas. “Ainda vou
ficar aqui umas 6 horas”. O tempo passa e fico indo e vindo entre a
pagodeira e a pista principal. Já deve ser meia-noite, e o pessoal já é
bem razoável. Estou sentado lá fora quando vejo uma movimentação de
mulheres na porta do restaurante. Normal. Até que vejo uma pessoinha que
se “destaca” no meio delas por sua [falta de] altura. “Hum... esse
tamanho... e esse cabelo... esse cabelo... Sim! É a Roseli!”. Penso
ainda ser um pouco cedo para ir falar com ela. “Deixa ela curtir mais a
noite”. Não vejo a Tina com ela. Estranho. “Será que ela não veio? Claro
que ela veio. Mas, e então?... Sim, talvez tenha ficado escondida no
meio das outras gurias. É, deve ser isso”. [É, suas amigas que são altas
demais né... Aham...].
Continua...
O melhor da noite ainda está por vir..."
Não sei porque, mas antes mesmo de gostar dela - o que foi começar a acontecer algumas semanas depois, eu tinha muitas dificuldades para falar sobre ela. Bom, mas vou tentar - depois de quatro anos - completar a história daquela noite... Acho que foi mais ou menos o seguinte:
Depois que encontrei a Rose no meio do pessoal, fui ao encontro dela. Ela se espantou com a minha presença. Então fomos dar uma volta. Primeiro dançamos um pouco num deck onde tocavam pagode e depois ficamos um tempão sentados na calçada do estacionamento conversando. O pessoal passava por nós e pegava no meu pé: "Fica com ela"... "Vai, cara"... e não sei o que...
Mas eu não tinha vontade. Eu ainda não "gostava" dela. Mas acredito que naquela noite uma sementinha se plantou no meu coração (que coisa para boiola). E agora me pergunto: Será que ela já gostava um pouquinho de mim? Não sei. Nunca perguntei. Pois é, tenho que perguntar.
E para você que leu a primeira parte da história: Eu não lembro como voltei para casa. Acredito que tenha esperado por algum ônibus intermunicipal até o começo da manhã do domingo. É, eu era meio fora.
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