Extraído do meu antigo blog.
07 de Março de 2008. Vila Germânica. Show do Victor e Léo.
07 de Março de 2008. Vila Germânica. Show do Victor e Léo.
"... às 18 horas saio do trabalho e vou direto
para a Vila. Como eu já imaginava, existem pessoas doidas o suficiente
para ir mais cedo do que eu para um show. E umas 25 já estão lá na fila.
Pois bem, vamos esperar e não tomar uma gota de água sequer para não
precisar sair do lugar e perder ele.
Mas
até que o tempo não demora muito para passar. Graças, em grande parte, à
primeira das quatro pessoas que conheci nessa noite, o Lucas, mais conhecido como Taió, com sua insaciável vontade de falar. Não é por nada que ele será candidato a prefeito
de Taió em 2016. É, ele se acha (só de brincadeira) por ter estudado
com a Bruna do BBB7; joga charme para as mulheres; pega um pouco no meu
pé; tenta comprar umas cervejas por valor menor, ou até ganhá-las; e
canta Azul, do Guilherme e Santiago, umas 15 vezes ("Qual a cor da sua
camisa?" "Azul" "Ahhh, e esse amor é azul..."). Valeu cara, fizesse com
que o tempo parecesse ter voado e nos deixasse muito mais alegres...
Beleza,
e finalmente se abrem os portões. Sou o 4° na fila de homens. Aí lembro
que os seguranças me revistariam. E eu vinha do trabalho, e meu penal
estava na mochila. E dentro do penal, que tal, um estilete e duas
tesouras - uma quase maior que o próprio penal. Todas, coisas que uso no
trabalho, mas de qualquer forma não deixam de ser um estilete e duas
tesouras. "O bicho vai pegar", penso. Chega a minha vez, e o segurança
já fala que terá que revistar a mochila. A entrego para ele e viro o
rosto. Torço para que ele não abra o penal. Claro, eu não utilizaria
aquelas "armas" lá dentro, mas acho que o segurança poderia me chutar
para fora do pavilhão, ou chamar a Polícia, ou me dar uma coça (sei lá,
na hora a gente pensa um monte de coisas). Pois é, não dá nem dois
segundos e olho novamente para o segurança, e ele já está com o penal
aberto e a tesourona na mão. "Fu***, e como esse cara pode ser tão
rápido...??". Ele diz que não eu não poderia entrar com aquilo. Eu digo a
ele que tinha vindo do trabalho e que, de qualquer forma, deixaria a
mochila no guarda-volumes. Ele pergunta algo ao seu chefe, que olha pra
mim e me reprime: "Como você traz algo assim para cá?". Eu novamente
digo que tinha vindo direto do trabalho. Ele sai e resmunga algo como
"mas... mhan... e daí...". É, eu deveria ter dito que sou culpado por
gostar tanto dos caras que estavam pagando o salário deles daquela
noite, aí vim direto do trabalho para vê-los cantar. Mas é o trabalho
deles, entendo perfeitamente. E eu deveria ter lembrado de tirar essas
coisas no penal lá no trabalho... Então fui com o segurança lá no
guarda-volumes, e ele falou para a moça que as "armas" somente poderiam
ser entregues no final do show. "Beleza, desde que não percam. Pois são
do meu trabalho...". Ainda quase esqueço de tirar a câmera digital da
mochila no guarda-volumes.
Pois
bem, estou livre. Mas as 25 pessoas que estavam na fila quando cheguei
se tornaram umas 100 já lá na frente do palco e mais umas 50 na fila da
pulserinha. Tudo bem, ainda ficarei bem perto do palco. Mas é cabreiro
ver na sua frente uns caras que chegaram lá pelas 22 horas, tendo você
chegado às 18 e 30. Tudo bem, sou mais ou menos alto e na minha frente
quase só tem mulheres, que, na teoria (e geralmente na prática), são
mais baixas do que os homens. Pois é, mas, e atrás de mim? Também devem
estar várias mulheres, que também são mais baixas. Xiii... complicado
né. Aí que conheço outras duas pessoas...
Atrás
de mim estão três gurias de estilo meio punk-emo. Me parece que elas
vieram juntas. "Mas o que elas fazem aqui num show sertanejo?".
Exatamente atrás de mim, a princípio parece que não tem ninguém. Eu viro
a cabeça um pouco mais do que o normal para conferir, pois a área em
minha volta já está toda cheia, então um lugar vazio é meio estranho.
Então vejo que ali uma guria baixinha, e que era igual a uma daquelas
outras três. É, gêmeas né. E baixas. Então, fico matutando, "ficarei o
show inteiro com uma pessoa atrás de mim que não vai ver me*** nenhuma
por minha "culpa"". Claro, não era culpa minha, mas eu poderia fazer
algo para mudar a situação, a oportunidade para fazer a "bondade do
dia". "OK, troco de lugar com ela". Mas, como vou falar com uma pessoa
que não conheço (muito bem). Além disso, ela é uma... guria! Uma coisa
simples como essa ainda é bem difícil para mim. Timidez e falta de
auto-confiança. Mas estou melhorando, tanto que: "oi, tais vendo algo
aí?" "não" "quer trocar de lugar comigo?" "quero". Ela ficou contente.
Aí, depois de ele entender como a câmera digital funcionava, o Taió
tirou uma foto minha e da irmã da moça que estava atrás de mim, que
agora estava ao meu lado. E eu fiquei ali atrás e o Taió com algumas
outras gurias mais para a frente. Ele "se foi".
Como
eu disse, as duas gurias pareciam ser meio punk-emos. E como que o Taió
tinha ajudado a quebrar o gelo com elas, ficou mais fácil para mim
puxar um papo. "Hum... vocês não parecem ter jeito de gostar disso
aqui..." "Por que?" "Você parecem meio.... punks" "Hehe, é o segundo que
nos pergunta isso, mas não somos não" "Ah bom... mas acho que vocês
vieram com aquelas ali né? (apontando para as outras duas gurias, que,
essas sim, pareciam e eu tinha certeza serem punks)" "Não, não..." "Ah
bom...". Beleza, sequer o show do grupo "RHASS" (obrigado
Google), que vinha antes do show do Victor & Léo, havia
começado. Tínhamos muito tempo para conversar. Eu tinha ido com a cara
delas e não gostaria de ficar mais um hora e pouco em pé, desta vez,
sem fazer nada. Pois bem, descobri que elas são de Rodeio, tem 1,49 e
1,51 metros, adoram dançar música gaúcha e ouvir música sertaneja. Uma
adora o Bruno & Marrone, a outra o Edson & Hudson, as
duas o Hugo & Tiago. Ambas odeiam rock. Não tem como ser melhor.
Não gostar de César Menotti & Fabiano é somente um detalhe.
Pois
é, até agora não sei o nome delas. A que estava atrás de mim quando
chegamos pergunta o meu. Depois, então, eu pergunto o delas. Roseli e Aparecida, ou Tina. Prefiro Aparecida. [ver observação no fim do post]
E
o show começa, com Fada. Parece não haver uma pessoa sequer que não
esteja cantando. Sinto Falta de Você, Amigo Apaixonado, Telefone Mudo,
Meu Eu em Você. O suor escorre abundantemente pelo meu rosto e pela
minha camisa. Quem de Nós Dois, O Granfino e o Caipira, Vida Boa, Fotos.
Ah, mas já está chegando no final, como esse tempo passa rápido. O Léo
desce do palco e vai junto ao pessoal enconstado na grade. Pela galera
que amontoou, achei que as grades, os seguranças e a própria galera
iriam pro chão. Que confusão. Mas nada de ruim acontece. O show termina.
Não há nenhum "mais um, mais um, mais um..." do público. Estranho. Acho
que o pessoal já estava bem cansado. Mas como qualquer cantor sabe, o
normal é o público pedir bis, sendo essa reaparição após o encerramento
já de praxe, devendo até já fazer parte do planejamento do show. Então,
os dois aparecem do nada, após termos (nós três) andado já uma boa
distância. Voltamos, para dar os últimos pulos e berros. Agora é o
Victor que desde junto ao público. E, agora sim, o show termina.
Vamos
embora. O chão está "forrado" de latas de cerveja. Claro, com o calor
que fazia o pessoal teve que abusar. E persiste a lenda de que o ar
condicionado do pavilhão queima quando há show lá. Me despeço das duas e
vou embora. E nem agradeci a elas pela companhia.
Do
celular, ligo para casa para o pai vir me buscar. Sem créditos. Ligo a
cobrar. "Este telefone está programado para não aceitar esse tipo de
ligação". Carai. Vou andando até a FURB e no caminho decidirei o que
fazer. Talvez eu peça um celular emprestado para alguém. Decido fazer
isso na portaria da FURB. O guarda, ao ver me aproximando, já coloca a
mão para dentro da guarita. Ouço o barulho de rádio-comunicador. Deixou a
linha aberta para o caso de eu tentar assaltá-lo ou outra coisa. Também
deve ter colocado a mão próxima de algum botão de pânico. Dou boa noite
e pergunto a ele se tem algum telefone para que eu possa ligar para
casa, pois fiquei sem créditos e o telefone de casa não aceita ligações a
cobrar. Ela diz que não. Insisto, dizendo que sequer é necessário que a
pessoa lá em casa atenda o telefone. Eu queria apenas "passar um
sinal". Novamente ele diz que não. Então agradeço e vou embora.
E
agora? Não há uma alma na rua, apenas poucos carros. Ponto de táxi
somente já na Fortaleza. Então é isso. Vamos até lá, aí ligo do táxi e
meu pai me pega lá. Não será a primeira vez que atravesso a Via Expressa
às escuras. Apenas ocorre de que nas outras vezes eu estava com as
pernas mais inteiras, assim eu andava mais rápido. Mas vamos. Subo a
ponte e a atravesso. À direita está a Rodoviária. "Hum, lá tem táxi
também. Mas, e se não quiserem emprestar o telefone? Terei que voltar
tudo isso aqui!" Vamos pela Via Expressa então. Sem medo. Não irá
acontecer nada de mau.
Mal
faço a primeira curva, um Uno pára a frente. "Será que é comigo?". Um
cara desce e vai na beiradinha do mato. Depois vem na minha direção me
chamando. Falou três vezes "brother". Pensei que já estava tirando com a
minha. Acho que ele já estava bêbado e meio fumado. Então me
cumprimenta, se apresenta como Marcelo,
e oferece uma caipirinha que estava tomando (pois é, agora pensei: ele
tinha a caipirinha numa mão e a outra, que ele usou ali no mato, não
teve como lavar. Ahhhh!!!). Ele diz que já passou pelo que eu estava
passando, que muitas vezes já atravessou a Via Expressa à noite, à pé e
de bicicleta, e que sabe o quando é complicado. Então, oferece uma
carona. O meu senso de confiar nas pessoas, apesar de tantas coisas que
vemos por aí, me faz aceitar a carona. Ele também pareceu ser um cara
sincero enquanto falava comigo. Entro no carro e o Marcelo para o
motorista, Bubi: "toca pro motel". Eu: "nem vem com essa..." Ele se
cala. Depois pergunto para onde eles vão, para saber até onde terei
carona. Eles dizem que vão para o Libidus (motel). Eu até pensava que
fosse verdade. Claro, aí eles me deixariam em algum outro lugar. O
Marcelo diz que é brincadeira, pois que estão indo para casa. Dois ali
na Fortaleza mesmo e outro (o motorista) lá para cima na 470. Ele teria
que passar pelo trevo da Dudalina, então me deixa ali.
Pois
é, ai se minha mãe sabe que fiz isso. Ela tem razão, seqüestros e
outras coisas que acontecem por aí. Mas sei que ainda existe gente boa
nesse mundo, que tem apenas boas intenções. Às vezes temos que arriscar.
É o destino. Se é para acontecer, é vai acontecer. E se eu tivesse
decidido em ia à Rodoviária, nem teria conseguido a carona e, dependendo
da boa vontade dos taxistas, aidna teria uma boa distância para
percorrer a pé novamente.
Tenho
mais 1 km para chegar em casa. Apenas 1 km dentre os mais ou menos 4
que eu andaria até o posto de táxi ou os 8 que eu andaria se o táxi não
estivesse no ponto ou taxista não emprestasse o celular. Pois bem, mais
15 minutos e chego em casa. Meu pai está acordado, apesar de eu dizer a
ele no dia anterior que ligaria quando saísse do show, para que ele
pudesse ficar dormindo.
4
horas, um belo banho, um grande copo de água e cama!!! Acordei às 8
horas e agora (2 horas) estou quase desabando em cima do teclado. Também
quero acordar cedo amanhã (hoje) para ir a um encontro de animação
japonesa no colégio Barão.
É, muito obrigado aos meus novos colegas. Como está tarde, não consigo mais bolar qualquer frase. Mas ainda falarei com vocês...
E boa noite."
Observação: A "Aparecida" não tem esse nome. Na verdade, é Rosemi. Como não gosta muito desse nome, falou para mim que era "parecido" com o da Roseli. Como tinha muito barulho, entendi errado...
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